quarta-feira, 25 de julho de 2007

A Você

A você estas linhas
para escutar
na voz acetinada de um velho locutor
vinda no ruído molhado de chuva
de um rádio entrando no chiado
d´alguma sintonia.

A você (por que não?) esta poesia
que não pode perder o ritmo de contraponto
do naipe dos metais,
leia quase sem querer,
só porque talvez tenha lhe pego
num momento,
um daqueles momentos que é sempre
o momento que a gente quer ter.

Como quando o disco de vinil acaba
e a agulha insiste em transmitir o som
da última faixa apagada,
escute estas palavras
que fazem nada mais que
nos rodear,
na valsa que nunca acaba dos velhos bailarinos,
na voz de gramofone do cantor de balada
que parece tanto que realmente sofre.

A você, por fim,
que não acha nada,
que não duvida,
que não merece:
ouça o último fio desse momento simples,
e que seja tudo agora.
Que depois
a gente esquece.