terça-feira, 10 de março de 2009

Poesia da Semana

Chove. É a primeira vez de sempre.

Que felicidade - chove às favas, chove quente.

É o ventre entregue ao que recende

do céu ao chão.

É graça, galharda,

tac-tac-tac; florindo nas calhas.

É LH pra caralho

picotando cleck-cleck nos lábios

petriclara – dos pés aos telhados.

Grandiloqüente (tia-avó prima parente)

mas aqui, mana presente

no quintal em CH.

Chuva – vem e fica.

Velha desabrida

fazendo um chá.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Marretas

Geralmente são grupos enormes de 250, até 500 pessoas.
Se comunicam pela internet, marcando os ataques.
Seus alvos são grandes edificações abandonadas:
Galpões, pátios, fábricas.
Cada um com a sua marreta
e a sua muda de árvore .
A ação deve ser rápida.

Derrubam paredes e quebram o chão,
e assim que encontram a terra
plantam as mudas.

Quando dá certo,
depois de 4 ou 5 anos já estão passeando pelas sombras da mata.

Às vezes as mudas são arrancadas pelos donos do terreno
e o local é novamente cimentado.

Mas depois de alguns meses eles voltam.
São como as plantas - sua maior inspiração:
esperam em semente
escondendo-se na terra e
sub-repticiamente se espalham
pela polinização sem fio
da natureza
até germinarem, enraizarem, crescerem
e racharem as paredes
e levantarem o chão.

Com o tempo seus atos ficam mais ousados.
Já não são locais abandonados.
As marretas quebram ruas,
pátios de shoppings
e prédios de vidro azul.

A polícia prende alguns,
e seguranças armados matam outros tantos.
Mas o movimento dos "Marretas"
já tomou conta do globo.

Um globo que, pouco a pouco,
vai tornando a ser o que era.