domingo, 28 de junho de 2009

Poesia da Semana - Versão


Parem todos os relógios, que os telefones sejam cortados,

Dêem um osso suculento para o cachorro parar de latir,

Silenciem os pianos e com tambores abafados

Tragam o caixão, deixem os que sofrem vir.


Deixem aviões gemendo e sobrevoando nossos chapéus

Rabiscando a mensagem “Ele está morto” no céu

Coloquem arcos de crepe em volta do pescoço branco das pombas,

E luvas de algodão pretas para os policiais em sua ronda.


Ele era meu Leste, meu Oeste, meu Norte e meu Sul

Minha semana de trabalho e um domingo azul

Meu meio dia e meia noite, minhas conversas e as canções que escutei

Eu pensei que o amor durasse para sempre: eu me enganei


As estrelas não são mais necessárias, podem tirá-las,

Deixem que o sol se desmanche e a lua podem apagá-la,

Esvaziem o oceano e varram a floresta

Porque agora de bom nada mais resta.


Versão de Guga Cacilhas para a Parte I de "Two Songs For Hedli Anderson - W.H. Alden


TWO SONGS FOR HEDLI ANDERSON
in
Selected Poems of W.H. Auden
by W. H. Auden
Vintage


I

Stop all the clocks, cut of the telephone,

Prevent the dog from barking with a juicy bone,

Silence the pianos and with muffled drum

Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes cricle moaning overhead

Scribbling on the sky the message He is Dead,

Put crepe bows round the white necks of the public doves,

Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,

My working week and my Sunday rest,

My noon, my midnight, my talk, my song;

I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one:

Pack up the moon and dismantel the sun;

Put away the ocean and sweep up the wood.

For nothing now can ever come to any good.


Leia a parte II em poets.org




segunda-feira, 1 de junho de 2009

Poesia da Semana

Como quem sente a fisgada
antes do peixe
me senti por um momento apto
ao ato desta captação:
entre eu e você etrevisto
ou que não existe, mas insisto,
entre você e eu, concebido.

Se é sutil na vida
que dirá entre bits ?
Acredite.

Acho que você até já disse,
elas sempre sabem antes,
seus mapas tem mais alcance,
quem enxerga linhas do destino
são ciganas, não ciganos...

Mas desiste,
se procura saber e só, somente.
O que tem fim se desmente
e eu comecei antes do início - lembra?

Estranho e relapso,
este fato,
só sugestionado
como um gato pardo
de relance
entrevisto
de instante em instante

Com Sono

...as palavras são de uma matéria comestível. Não sei explicar,
dá as vezes sem querer esse negócio em mim:
é tipo um fenômeno mesmo.
Eu falo as palavras devagar e elas se materializam na minha
boca, dá vontade de mastigar.
Na verdade eu mastigo, não é matafórico, eu sinto é físico
na minha boca. É gostoso - tem haver com estar com sono, eu acho.

Consegui provocar a sensação, pensei que não conseguiria,
tem palavras melhor de comer, que são massudas, comi
"pantomima" agora, é boa. Pensei que "pudim" seria boa,
mas não, acho que essa sensação não gosta de ser óbvia.
"Óbvio" é bom também, mas fica um pouco magro no final,
- é óbvio.