No recôndito do meio imenso
dentro do Brasil funil
se escondem-se várias palavras.
Vai que talvez venham da pedra
dum bloco maciço, chapadisso,
que se arvora a ser parado
em sendo sempre ali:
reluzindo seco.
Um baú de guardados
donde nasce vocabulário
e não só modos, modismos
- coisas além dos ritmos -
lá há radicais raríssimos.
Recôndito.
Diamantismos.
Novas formas de ser negro
(que liberdade imensa escrever)
brinquedo sempre novo brinquedo
pedra quadrada paredões imensos
feito jogo de montar
Quebra-cabeça de idéias
e de formas naturais
(deixei meu coração lá)
a vida nova grande imensa
como a da fumaça
rasgando o meu peito
abrindo-se
placa tectônica
vale.
Lá pude ver as placas tectônicas
a terra desabrocha
nos seus ardumes interiores
- os rios!
Os rios.
Até agora falava de pedras
os rios me dão imediatamente vontade de chorar
pois é como se as lágrimas
pudessem ter cor
e eu pudesse chorar azul,
como se de um rosto
escorresse uma lágrima
de um translúcido amarelo-âmbar.
E tudo isso tem a ver com negro.
É tudo negro
descaradamente negro
são negras
produzindo todas as cores
descobrindo áfricas
cores
nos detalhes ensolarados
cores
novas estruturas
cores
segredos compreendidos
cores
mecanismos de África
cores.
domingo, 5 de julho de 2009
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