Ela murmurou
um sonho
pra gente,
espremeu contradições
da sua garganta.
Deixou o quarto em seus olhos
à meia-luz...
entramos.
Roupas jogadas no tapete,
a voz deitada num colchão.
Seu ritmo era um contra-senso,
cabiam dezessete palavras em cada tecla
do piano que corria atrás dela.
Ela cantava ímpar.
E era exatamente o que a gente
precisava sentir:
essa força toda
de um instante sem nada,
essa meia-luz concentrada,
esse prato cheio de falta.
Tinha saliva naquelas palavras
a gente sentia a língua
que aqui e ali se esbarrava.
Uma meia de lã
calçando o pé do ouvido,
um cotonete amoroso.
Ela cantou
e em nós
doeu
gostoso.
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