Tudo é samba.
Tudo mesmo.
Sem metáforas,
O samba especificamente:
Pandeiro, violão,
Surdo e tamborim
Preenchem todas
As tonalidades.
E a voz
Que nas infinitas letras e melodias
Fala sobre tudo,
Conta todo o passado,
Traduz o presente
E quando você menos percebe
Profetiza.
Tudo está no samba, na roda,
O amor, a dor da injustiça da vida
E a brincadeira.
Casos reais e inventados,
Sentimentos nominados
E ainda as sensações abstratas.
Casa-se e separa-se no samba,
Amizade é o sobrenome do samba
E pra quem gosta de briga, tem.
Samba de coco,
Samba de maracatu
Semba
Sambada.
Cada povo tem a sua.
E de onde viemos?
Para onde vamos?
O que é a vida afinal?
O samba resolve isso também:
Quando a mulher mexe
Remexe na sua barriga
Algo que é justamente
A novidade da vida.
terça-feira, 17 de maio de 2011
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Poesia da Semana
Série Cotidiano
Banalidades do dia-a-dia, coisas práticas que não servem para nada. Desnecessariamente úteis.
I. Banho
Somos enfim cantores:
O banheiro acha a gente bom.
O banheiro é nossa mãe.
II- Cuidar de criança
Tudo que se amesquinha em mim
É flagrado pela inocência.
III- Andar de carro
Algo parece ter solução:
Eu piso no acelerador
O carro se move,
O mundo passa.
Minha vida trafega,
A imobilidade das casas
Escorrega para trás
Sobre as sarjetas.
Inclusive sou bondoso,
Pois tolero que o paciente pedestre
Permaneça vivo.
Faço parte,
Viajo para o mesmo lugar
Que vai a humanidade.
Que por queimar petróleo
Como eu
Arde.
Banalidades do dia-a-dia, coisas práticas que não servem para nada. Desnecessariamente úteis.
I. Banho
Somos enfim cantores:
O banheiro acha a gente bom.
O banheiro é nossa mãe.
II- Cuidar de criança
Tudo que se amesquinha em mim
É flagrado pela inocência.
III- Andar de carro
Algo parece ter solução:
Eu piso no acelerador
O carro se move,
O mundo passa.
Minha vida trafega,
A imobilidade das casas
Escorrega para trás
Sobre as sarjetas.
Inclusive sou bondoso,
Pois tolero que o paciente pedestre
Permaneça vivo.
Faço parte,
Viajo para o mesmo lugar
Que vai a humanidade.
Que por queimar petróleo
Como eu
Arde.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Visita
Casamento
de Adélia Prado.
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
de Adélia Prado.
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Desembuxa!
... à cantora de Sexta-feira, e a todos os artistas daquele Sarau...dedico as coisas que escrevi aqui em baixo.
Poesia da Semana
Cotonete Amoroso
Ela murmurou
um sonho
pra gente,
espremeu contradições
da sua garganta.
Apagou a luz
do quarto em seus olhos.
Entramos.
Roupas jogadas no tapete,
a voz deitada num colchão.
Seu ritmo era um contra-senso,
cabiam dezessete palavras em cada tecla
do piano que corria atrás dela.
Ela cantava ímpar.
E era exatamente o que a gente
precisava sentir:
essa força toda
de um instante sem nada,
essa meia-luz concentrada,
esse prato cheio de falta.
Tinha saliva naquelas palavras
a gente sentia a língua
que aqui e ali se esbarrava.
Uma meia de lã
calçando o pé do ouvido,
um cotonete amoroso.
Ela cantou
para sorte
da nossa dor.
Ela murmurou
um sonho
pra gente,
espremeu contradições
da sua garganta.
Apagou a luz
do quarto em seus olhos.
Entramos.
Roupas jogadas no tapete,
a voz deitada num colchão.
Seu ritmo era um contra-senso,
cabiam dezessete palavras em cada tecla
do piano que corria atrás dela.
Ela cantava ímpar.
E era exatamente o que a gente
precisava sentir:
essa força toda
de um instante sem nada,
essa meia-luz concentrada,
esse prato cheio de falta.
Tinha saliva naquelas palavras
a gente sentia a língua
que aqui e ali se esbarrava.
Uma meia de lã
calçando o pé do ouvido,
um cotonete amoroso.
Ela cantou
para sorte
da nossa dor.
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