Olhava minha filha
recém nascida
e ela olhos nos olhos
me olhava.
E como num exercício
que um dia fizera,
um exercício de yoga
ou pantera
ficamos atentos,
somente
atentos para ver
o que era.
E nos olhos daquela criança
- é impossível explicar -
duas fogueiras flamejavam
queimando a substância mais pura
com força resoluta
e calma decidida,
como se dissesse:
vamos do início - vida.
Vamos do início - vida,
ela me mostrava,
banhando tudo
em infinita candura,
e tão feliz
pude notar
que também em mim
há a água mais pura.
A água mais pura
uma filha
eu olhava perplexo
o absurdo óbvio
o engraçado sério
de ser possível ficar
cara a cara
cara a cara
cara a cara com o mistério.
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Assinar:
Postagens (Atom)