Olhava minha filha
recém nascida
e ela olhos nos olhos
me olhava.
E como num exercício
que um dia fizera,
um exercício de yoga
ou pantera
ficamos atentos,
somente
atentos para ver
o que era.
E nos olhos daquela criança
- é impossível explicar -
duas fogueiras flamejavam
queimando a substância mais pura
com força resoluta
e calma decidida,
como se dissesse:
vamos do início - vida.
Vamos do início - vida,
ela me mostrava,
banhando tudo
em infinita candura,
e tão feliz
pude notar
que também em mim
há a água mais pura.
A água mais pura
uma filha
eu olhava perplexo
o absurdo óbvio
o engraçado sério
de ser possível ficar
cara a cara
cara a cara
cara a cara com o mistério.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Como trazer o seu rosto de tão longe,
toda uma vida,
apenas para ver o seu,
e no seu rosto ver a vida.
E sorrir.
Bonito Márcio! Poesia reverbera poesia
Postar um comentário