Um dia
Passei por uma poesia
- era uma rua.
Lembrei por causa de um pedaço
de papel parado na sarjeta.
Depois o vento mexeu um pouco pro lado.
O meu irmão passava a mão no meu cabelo assim.
Passei por ela,
a pele grossa de concreto,
olho piscando
pela luz quebrada dos postes.
E como uma descoberta
que sempre esteve ali um pouco,
como um carinho e uma aspereza da rua ,
vou dizer rapidinho
que ali tinha alguém.
(Quase não se enxerga
na rua a pele grossa,
a pessoa é saliência
na calçada ou poça.
Quase não se enxergam
a pessoa e poças,
a calçada é saliência
da rua e pele grossas.)
Quem passa pela rua
e por aquela pessoa
pára um pouco para sempre em poema
que o passo seguinte esvai à toa.
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